ROE – Return on Equity

RoE (Return on Equity) se refere à proporção entre a quantidade de lucro gerada pela empresa (o Return da equação) e a quantidade de Patrimônio Líquido da empresa (o Equity), ou seja a rentabilidade do capital do sócios em determinado momento na empresa.  A formula é dada abaixo:

RoE = Lucro líquido / Patrimônio líquido

Exemplo

Por exemplo,  imagine que eu tenho um carro de cachorro quente, que paguei com meu dinheiro, e custou R$1000. Suponha que ele gere pra mim R$300 por mês. Nesse caso, o retorno que eu tenho sobre o meu patrimônio líquido é de 30% ao mês. Wow, nada mal hein?

Imagina que eu consigo comprar reter esses lucros e investir em outro carrinho de R$1000 e que ele também consiga R$300 ao mês. Opa, agora eu tenho R$600 por mês e um patrimônio líquido de R$2000. Sigo com um RoE de 30%. Que tal eu reter esse lucro e comprar um terceiro carrinho? Entendeu a mágica do meu negócio e da matemática dessa métrica? 

Buffett e RoE

Para Buffett, como dito na carta aos acionistas de 1977, o RoE é uma das melhores medidas para se avaliar uma empresa ao longo do tempo, isso porque caso ela retenha os lucros e estes sirvam para financiar projetos semelhantes, essa mesma mágica do exemplo acima tende a acontecer.

Quando RoE não serve?

Quando RoE não serve? Segundo Buffett ele não serve em duas situações. Primeira delas, eu tenho muita dívida para financiar o meu negócio.  Equity, ou patrimônio líquido, caso você não saiba, é a quantidade de ativos, menos a quantidade de passivos da empresa. Caso exista muito capital de terceiro (ou passivos) para financiar a operação, o patrimônio líquido pode diminuir e fazer com que o RoE pareça muito maior do que realmente é. Nesse caso o ideal seria olhar outras métricas, como ROIC.

Na segunda situação, segundo Buffett, é quando os ativos estão representados de forma irrealista no balanço, o que podem também fazer o Patrimônio Líquido diminuir e, consequentemente, o RoE aumentar através de um truque contábil.

Limitações

Por exemplo. Eu estou decidindo pintar um muro de 3 metros lá em casa, e preciso decidir quantos pintores eu vou contratar. Bom, eu descobri que 1 pintor consegue pintar 0,5 metro de muro por hora. Então, se eu contratar dois, eles conseguem fazer 1 metro por hora. Então, eles rendem 50% de metro por hora. Se eu adicionar um terceiro pedreiro, a tendência é que ele me adicione a mesma “rentabilidade” por hora, mantendo-a.

Porém, vai chegar um ponto que vai ter muito pintores, e eles vão perder a eficiência. Então ou eu mantenho a eficiência de todos no máximo, ou expando o grupo, perdendo um pouco de rentabilidade.

Agora imagine a quantidade de pintores como sendo o Patrimônio líquido, e a quantidade de metros pintados como o lucro líquido. Vale a pena adicionar mais equity e perder a rentabilidade? A empresa não vai crescer infinitamente como o mesmo RoE.

Além disso, há a questão que o baixo RoE engana. Imagine que chegue um novo pintor que está em formação. O desempenho inicial dele pode ser baixo ou até mesmo nulo, impactando minha métrica de desempenho. No RoE acontece o mesmo caso.

Às vezes a empresa está em fase de criação/construção de um determinado projeto, mas esse projeto ainda não é operacional. O patrimônio líquido já está aumentado, mas o lucro ainda não foi impactado positivamente pelo projeto, fazendo o RoE diminuir. Fique espero com isso!

Empresas como a EDP e Klabin, por exemplo, possuem projetos ainda não operacionais que poderão aumentar o lucro líquido, e consequentemente o RoE.

Conclusão

Essa é a grande questão do RoE. Return on Equity, fazer a empresa crescer e manter a rentabilidade. Reter os lucros pode ser excelente, caso a empresa opte por reinvestir no próprio negócio que tem domínio.  Porém, as vezes isso não ocorre. Buffett aliás cita isso na carta de 1977, quando muitas empresas optam por apresentar aumento nos lucros, chamando de lucros recordes, quando na verdade a rentabilidade é comprometida.

RoE (Return on Equity) é uma métrica muito boa pra você avaliar na empresa, mas sempre tenha cuidado com as limitações.

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