Você sabe qual a melhor forma de estudar um conteúdo que vai cair na prova? É criando uma cola pra ela. O ato de copiar é poderoso, pois na hora que você começa a copiar as respostas, automaticamente você começa a absorver aquele conteúdo. De certa forma foi o que fiz na bolsa de valores, tentando copiar a estratégia do investidor Luiz Barsi.
Fique claro, eu nunca vi o Barsi pessoalmente, nem nunca conversei com ele, nem tenho nenhum vínculo – além da admiração (você pode achar o pessoal vinculado a ele no aqui). Mas mesmo assim ele foi um grande professor.
Mais um na bolsa de valores
Era maio de 2017 quando a bolsa teve um movimento bastante brusco, devido às delações que ocorriam na época – o famoso Joesley Day. Como todo grande evento que ocorre e chama a atenção da pessoa física para bolsa de valores, esse em especial chamou a minha atenção.
Na época não fazia mais que dois anos que havia migrado meus investimentos da poupança para o CDB – um avanço – mas andava insatisfeito de não poder fazer render meu pouco dinheiro, de uma maneira melhor. Aliás lembro de comentar com meu pai que eu tinha um grana parada e queria achar um bom investimento que gerasse uma renda. Meu pai aconselhou juntar para comprar um imóvel.
Bom, se comprar imóvel fosse a única opção, eu estaria MUITO longe de conseguir gerar renda extra na época.
Luiz Barsi – “professor” com nova visão sobre bolsa
Ao longo da semana do acontecimento, comecei a ler diversas reportagens sobre a bolsa, quando me deparei com uma em especial, com Luiz Barsi. Assim que eu li a reportagem fui duplamente impactado por duas frases: “O dia foi excelente para comprar ações” e “Você deve ser ganancioso quando os outros estão com medo e ter medo quando estão gananciosos”.
Assim que li a reportagem fui atrás para entender o porquê a queda das ações poderiam ser boas para alguém. A partir estudei a estratégia do Barsi, me deparando pela primeira vez com o conceito de acumular ativos e realizar compras em momento de pressão. A partir dali tudo começou a fazer cada vez mais sentido, e se juntaram a tantas outras como a ideia de “perda fixa”. Nunca, de maneira tão rápida, conceitos e estratégias me fizeram tanto sentido.
Lembro de chegar em casa empolgado com essa “nova visão”, repetindo a frase do Warren Buffett para minha esposa (haha). Agir na crise é uma lição pra vida – e a visão dos dois ajudaram a me moldar.
A estratégia de comprar na crise
Depois de assimilar aquele primeiro impacto da matéria, comecei a tentar aplicar o que o Barsi falava. Assim, a primeira coisa que notei é que ele aproveitava muito as quedas e momentos turbulentos na bolsa de valores. Lá fui eu, tentar fazer o mesmo.
Nisso eu fiquei, literalmente, 1 ano e meio só comprando em dia que ocorria queda maior, que nesse período era recorrente. Eu confesso, foi difícil. Meu emocional não era preparado para fazer o contra-fluxo e diversas foram as vezes que eu vendia uma ação que recém havia comprado. Aos poucos fui me acostumando – e até me divertindo.
Porém, alguma coisa faltava pra estar na bolsa fazer mais sentido e isso mudar.
Barsi e dividendo – a virada de jogo
Depois de apanhar alguns meses, eu notei que a minha percepção da estratégia do Barsi é que não estava completamente correta. Aliás, um parênteses, é por isso que eu acho que todo mundo deve começar com pouco na bolsa, antes de começar a acumular de fato. O tamanho da exposição deve ser igual ao conhecimento. Além disso, investir é se conhecer e achar uma estratégia que você confie e comprovadamente tenha sucesso no longo prazo.
Conforme ouvia as entrevistas do Barsi, esbarrei no conceito de dividendo. Então, não bastava comprar em momentos de pressão vendedora – eu precisava comprar boas empresas e especialmente pagadoras de dividendo. Quanta simplicidade na forma de encarar a bolsa de valores! Finalmente eu tinha um motivo para tirar mais o olho da cotação e ter algo mais palpável para avaliar uma empresa.
Além das entrevistas do Luiz Barsi, nessa época eu estava lendo o livro do Décio Bazin.
Mais uma vez vou usar esse post para confessar os meus pecados – então, sim, eu olhei as empresas que ele tinha em carteira e que possivelmente estava comprando. Não me arrependo, pois enquanto eu ainda insistia em algumas empresas duvidosas, as poucas que eram de dividendo (Taesa e Unipar) iam me enchendo de renda passiva. A partir entendi como controlar o emocional e descobri o porquê da estrategia dele dar tão certo.
Tratei de vender o que era “aposta” na carteira, me livrei dos pequenos estudos gráficos, comecei a estudar fundamentos. Finalmente eu começava “mandar” no meu dinheiro e isso gerou ainda mais disposição e vontade de melhorar a vida. A “bola de neve” começou a rolar, não só com o dinheiro, mas também com meu mindset.
Conclusão
O impacto de descobrir a bolsa e ter ouvido o investidor Luiz Barsi – mesmo de longe – além de ter testado (copiado) a estratégia dele foram a grande virada na bolsa de valores. Claro que tive diversos outros excelentes “professores que nunca tive” – como Buffett e Lynch – mas Barsi foi o que fez eu me manter no “jogo”, por mais que algumas das minhas percepções, sobre a real estratégia dele, ainda possam estar erradas
Assim, embora eu tenha olhado outras estratégias e tenha tido outros “professores”, ainda hoje a minha carteira é reflexo do foco no dividendo. Eu sou muito grato por ter encontrado a estratégia de focar no dividendo, “copiando” de alguém que deu muito certo usando essa estratégia simples, mas poderosa.
Além disso, investir muda a gente, você deve saber. Ter achado uma estratégia de investimento me ajudou a querer e ter gana para aprender mais, me fez ter foco para trabalhar e ganhar melhor, a investir melhor. Enfim, em sentir um desejo de melhorar a vida, não só a minha como de outros.
Então, eu acho que posso dizer que o investidor Luiz Barsi foi um dos melhores professores que eu nunca tive.
Que bom ouvir seu sincero depoimento. Me senti também representado nessa ansiedade de iniciante que a gente tem. Diga-se de passagem os sites de mídias não ajudaram em nada. Comecei a me interessar pela bolsa mais ou menos na mesma época e fui levado a análise técnica, como bom estudante, fiquei tentando provar o método que tinha bolado com diversos indicadores e sempre aparecia um momento em que o método falhava, então eu buscava adicionar mais um indicador para evitar o erro (aumentava a complexidade), chegou a um ponto que meu método quase não errava (mas também não acertava hahahah, não poderia errar se não entrasse na operação).
Resumo da ópera, foi uma baita perda de tempo até eu me convencer de que não valia a pena, eu se valesse, teria que ter muita grana e apetite por risco. Sorte que isso tudo foi usando simuladores, nada que colocar grana real, como você fez.
Então um belo e abençoado dia, me deparei com as entrevistas do Barsi feitas pela Suno… maratonei! Abriu a minha mente, investir em ações com essa mentaliadde fazia muito mais sentido, deixar cotação de lado para receber dividendos, muito mais amigável.
Só que com Selic de dois dígitos, comprar ações para receber alguns centavos, era desanimador. Só depois de um tempo que a gente começa a avaliar histórico da evolução dos dividendos (e até mesmo quando não pagam dividendos, mas aumentam muito o lucro) que realmente animei.
Pelo canal da Suno, também conheci o Professor Baroni, e entrei para o mundo dos FIIs antes, isso ajudou demais, principalmente no início!
Poderia ter começado antes? Poderia, mas acredito que tudo acontece na hora certa, eu não estava preparado para aquela conversa.
Excelente João! Tudo a seu tempo, talvez se tivesse encontrado a bolsa antes, sem a maturidade de hoje, tivesse perdido grana.
Que artigo sensacional. Conheci uma pessoa que investe desde a década de 1980, comprando e vendendo ações(que é o método que a grande maioria faz no começo, quem nunca? Rs). E essa pessoa confessou que sua estratégia estava errada e somente agora começou a investir com foco no LP e com empresas boas pagadoras de dividendos. Nunca é tarde para começar. Obrigado pelo conteúdo.
Obrigado pelo comentário Millor!