Uma das primeiras questões que surgem na cabeça do investidor é “tá caro ou tá barato?”. Essa angústia domina bastante o início da jornada de investir, mas com o tempo você começa tanto a estudar o processo de valuation como entender de certa forma como se arriscar menos na bolsa – pelo menos na minha visão. Bom, meu processo de valuation atualmente é bem simples.
Antes de tudo, eu considero preço uma questão que traz um certo conforto para o investidor, pois o futuro é incerto. Atualmente, não faço grande um grande processo de valuation (quantitativo, por qualitativo sim) para aportar, e não uso tanto o Fluxo de Caixa Descontado (ou melhor, com grande precisão), porque não acredito que seja simples estimar o futuro (se é que é possível) e criar quantificações (números) a partir de premissas, que reflitam de forma correta a sua expectativa sem um viés. Acredito inclusive que muitas premissas não são quantificáveis. Além disso, imagina a quantidade de cenários que você teria que quantificar para determinar se uma empresa está barata ou não.
Por isso eu uso uma frase do Buffett em sua carta do ano de 1979:
Tanto nossa experiência operacional quanto de investimento, nos levam a concluir que as “reviravoltas” (turnarounds) raramente acontecem, e que as mesmas energias e talentos são muito melhor empregados em um bom negócio comprado por um preço justo do que em um negócio ruim comprado por um preço de pechincha.
Então, segundo mestre Buffett, melhor um bom negócio por um preço justo, do que um mal negócio por um preço de pechincha.
Meu processo de valuation
Basicamente olho o seguinte:
- ROE e ROIC
- Custo dívida e Dívida Líquida / EBITDA
- FCL
- Relação Preço / Lucro por ação e/ou ainda EV/EBITDA
- Crescimento (expectativa) e Payout
Esse indicadores me dão uma ideia do quanto a empresa é lucrativa (ROE e ROIC), do quão endividada está (indicadores de dívida e seu custo), o quanto a empresa tende a crescer (Payout, olhando quanto é retido, junto com ROE), o quanto gera caixa (Fluxo de caixa livre). Isso já me dá uma ideia do valuation da empresa.
Como foco bastante em dividendos, geralmente essas empresas tem perspectiva de crescimento menos instável (de modo geral), com P/L menor que 20~30. Fica mais simples pra eu comparar qual delas eu vou aportar (qual está mais barata em relação à expectativa de crescimento nos lucros). Além disso tento comprar as ações que estejam abaixo do histórico desses indicadores – mesmo sabendo que inflação e outros desvios interfiram para criar média e mediana disso.
Investir de modo simples não é fácil
Mas cuidado, eu não to dizendo que é fácil investir, aliás muito pelo contrário. Porém eu procuro fazer o feijão com arroz, de forma simples, simplificando a resposta da pergunta “tá caro ou barato”, fazendo um valuation simples e focando em bons negócios. Tem sido efetivo.