Um post mais bad feelings, mas necessário sobre o assunto “a bolsa despencou”. Imagine a seguinte situação: você acorda e verifica que há uma notificação no celular. É uma notícia bombástica que impactará diretamente a economia.
No grupo de WhatsApp, sobre investimentos, há mais que 200 mensagens, estão todos ansiosos. Caramba! Cada um diz uma coisa: uns dizem que será temporário, outros que é só o início de uma grande queda.
O mercado futuro indica queda de mais de 15%. Você, que tem mais que 70% do seu patrimônio em ações, sua frio e titubeia, pensando o que acontecerá com sua carteira de investimentos.
Chega as 10 horas da manhã, horário que a bolsa de valores abre. Ela já abre em queda de 20%, e aciona o circuit break. Sem conseguir respirar, a bolsa desaba e termina o dia com perdas de 25%. Pior que a semana segue horrível, e a bolsa despenca, atingindo 50% de perda.
As sensações
Você chega em casa basicamente com a sensação de perda. Não só isso, é um misto de sensações, porque, queira ou não, ao investir em ações você cria um otimismo e esperança de um retorno adequado pro seu suado dinheiro.
Ao chegar em casa, você encontra a pessoa com quem você vive junto. Como explicar? – você se pergunta mentalmente. Mais do que isso, você mesmo tem dúvidas dos motivos pelos quais você entrou na renda variável, quais irão te manter, e se eles vão conseguir fazer você segurar esse prejuízo, e seguir o seu plano de independência financeira. A dúvida é latente e a ansiedade é grande.
Acontece!
Essa situação acima é hipotética, porém já ocorreram ao longo dos anos na renda variável. Em 1990, por exemplo, a Bolsa de Valores de São Paulo caiu 22% em um único dia.
Em dias assim, com certeza ter uma estratégia bem clara faz toda diferença, por isso eu proponho o seguinte exercício: imagine a situação acima e responda às seguintes questões:
- Por que você manteria uma posição com perda de mais de 50% na cotação?
- Como você explicaria o que houve e porquê se manteria na renda variável, para pessoa que você vive junto?
Não pule a última questão. Mesmo que você se sinta confortável com sua estratégia, ela deve ser simples o suficiente para você conseguir explicar e convencer alguém de forma convincente dos seus porquês.
O que eu faria
A minha estratégia consiste em focar em geração de fluxo de caixa, ou seja, renda passiva. Então eu compro cupons de yield , em crescimento. Eu não foco necessariamente em crescimento patrimonial, embora seja a cereja do bolo. Pra mim, cair ou não a cotação, acaba não afetando tanto, então o que me segura na renda variável acaba sendo o yield crescente, que é o que eu procuro em empresas.
Para explicar para minha esposa seria simples: eu compro empresas como compraria bons imóveis para aluguel. Eu não venderia meu imóvel pelo motivo de alguém bater na porta e oferecer menos. Porém,se o preço cair de forma generalizada, eu posso inclusive aumentar a geração de renda passiva com menor capital, adquirindo novos ativos. Claro, minha posição em renda fixa também ajuda a manter a sanidade nesses momentos, além de me possibilita liquidez (não só para renda variável).
Mas essa é minha estrategia, na tentativa de ser o menos reativo possível aos fatos que ocorrem… qual a sua?