Ontem, quando postei pela primeira vez minha carteira de renda variável, surgiram várias dúvidas e questionamentos bem interessantes sobre a composição da carteira. Aliás, essa foi minha ideia ao tornar ela pública: ser uma fonte de geração de questionamentos, que me obriguem a ter convicção nas teses.
Antes eu deixo o retorno dela, desde 10/2017
Perguntas
“Você não possui muitos ativos, ficando pulverizado?”
Só contextualizarmos:
– Ações Brasil: 20
– FIIs: 8
– Stocks: 10 (incluindo 2 ETFs)
A primeira vista parece um monte de ativos compondo minha carteira, mas pra mim não é. Aqui entra dois pontos: oportunidade e diversificação.
Oportunidade
Se você visse uma nota de R$50 caída na rua, você pegaria ou deixaria o vento levar? Então, é isso que faço com bons ativos, quando eu encontro.
Além disso, eu tenho uma tendência de experimentar técnicas, e uma das que eu acabei encorporando foi a do Peter Lynch de comprar um ativo para se obrigar a estudar. Obs.: Eu uso um framework pra aprender que se baseia na “cópia” de pessoa – explico com calma em outro post.
Eu confesso que sou um procrastinador nato, por isso ter uma pressão extra me ajuda a conseguir terminar as coisas mais rápido – como por exemplo ter uma ativo em carteira para me obrigar a analisar uma empresa.
Assim, em ações Brasil, são 6 ativos nesse “modo”, enquanto que nos EUA são 2 ações.
Enfim, para reforçar: comprar para estudar não é o mais adequado – e eu não aconselho você a fazer isso.
Diversificação
A diversificação pra mim é o mais importante, pois é o tratamento gratuito preventivo aos diversos riscos presentes em uma carteira.
Pra mim há 4 formas de agir com relação à diversificação, você pode conferir nesse post mais completo sobre o tema. Quando eu penso em diversificação então, eu sinceramente não acho que exista “pulverização”. No meu conceito, a diversificação não-pensada, talvez a mais próxima do conceito de pulverização, é quando o investidor faz compras pelo simples fato de sentir necessidade de ter mais ativos.
Pensando uma diversificação mínima:
Considere a seguinte formatação de carteira:
- 4 classes de ativos (REITs, Ações EUA, Ações Brasil, Fiis)
- 1 exposição ao fator tamanho (small caps)
Quantidade por classe
Vamos pegar por exemplos os fundos imobiliários: você se sentiria seguro em ter apenas 3 Fundos imobiliários, tendo como pretexto a ideia de não “pulverizar”?
Sinceramente, eu considero muito perigoso ter poucos ativos em cada classe. Na minha experiência, eu me senti mais confortável a partir de 4~5 ativos. Então tendo 5 ativos em 4 classes, eu teria 20 ativos. Vamos substituir stocks e REITS por ETF? Ok, então teríamos 12 ativos.
Quantidade por fator tamanho
Só em small caps eu tenho 6 ativos. Se fosse considerar ter no mínimo 5 ativos em small caps. Somando com os 12 acumulado anteriormente por classe, seriam 17 ativos. Ok, não considerei a possibilidade de substituir um dos 5 pré-existentes por esse grupo de small caps. Dessa forma fecharíamos 16 ativos mínimos.
Olha que nem comentei de setores hein!
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“Com tantos ativos, como você vai acompanhar?”
Essa pergunta é interessante e a resposta é contra-intuitiva. Com o passar do tempo, quanto mais vai entendendo das empresas, menos precisa acompanhar. A primeira análise é a mais demorada, se expondo às conversas usando a linguagem do setor. Depois é analisar semestralmente ou anualmente.
Além disso, em 6 meses ou 1 ano não acontece praticamente NADA em um bom negócio. Mesmo na pandemia, eu me vi mais procurando barganhas do que preocupado com alguma empresa em carteira, pois todas estavam bem posicionadas pra enfrentar algo não planejado. Adaptabilidade faz parte da minha definição de “uma boa empresa”.
Então, na minha opinião, se no meio do último crash você teve que investir muito tempo re-analisando todas as empresa da sua carteira, é um sinal que algo não está correto na sua forma de selecionar elas.
“Prefiro comprar só o que eu entendo”
Eu não faço nada diferente disso. Todas exposições maiores que 2% são de ativos que eu tenho:
- domínio razoável da linguagem de domínio do setor
- entendimento da empresa e como ela ganha dinheiro
- tenho ideia da expectativa de crescimento e entendo minimamente as vantagens competitivas
Nesse caso, aqueles ativos rotulados como “comprados para estudar” são de setores que eu não tenho esses entendimentos ainda completo.
Aliás, aqui fica uma dica. Muitas vezes a gente acha que entende uma empresa, mas acaba não percebendo o quanto entendemos pouco do próprio setor. Bancos e elétricas são os top preferidos, mas os mais complexos. Dados como índice de cobertura, índice de eficiência,
Nessa hora, advinha quem pode te ajudar? A diversificação, novamente ela.
E aí, ficou com alguma dúvida?
Manda abaixo o que achou!