Jeremy Siegel: alta inflação está chegando

Jeremy Siegel, escritor e professor de finanças da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, escreveu recentemente um artigo sobre sua percepção de como a inflação irá pegar os detentores de títulos.

Ao menos 23% da base monetária do dólar foi criada entre janeiro e agosto de 2020

Conheça a biblioteca do investidor

A crise e a expansão monetária

Quando os preços do contrato de petróleo caíram a zero ano passado, de acordo Siegel, poucos investidores temiam a inflação. Porém aqueles que entendem as dinâmicas monetárias viam que o aumento da liquidez poderia levar a um boom na economia e nos preços, assim que passada a crise sanitária.

cupom-remessa-online-banner

Invista no exterior com o cupom : investidorimpaciente

Segundo Siegel, o aumento da oferta de moeda em 2020 excedeu qualquer aumento histórico que temos dados. Os estímulos fiscais foram gigantes nos em todo o mundo – e em especial nos EUA.

Inflação

Segundo algumas das proposições mais antigas sobre economia e inflação, é que o nível de preços é determinado pela demanda e oferta de dinheiro. As formulações simplistas dessa proposição chamam-se “Teoria da Quantidade”. A proposição afirma que a taxa de inflação é igual ao excesso da taxa de crescimento da moeda sobre a renda real (interpretações mais sofisticadas levem em consideração outras variáveis, como taxas de juros e expectativas inflacionárias).

Como Siegel diz, nós investidores víamos que a tal “impressão de dinheiro” impactava o mercado de ações, com uma recuperação espetacular em 2020, mas não percebíamos a aproximação da inflação. Nos EUA, num primeiro momento a expansão monetária não trouxe inflação, apenas fez ela diminuir durante o período.

No Brasil…

Aqui no Brasil foi um pouco diferente, pois, impactados pela variação no dólar, vimos a inflação medida pelo IGP-M disparar. Além disso, o “Corona Voucher” teve impacto positivo no consumo. Mas a variação da inflação parece ter ficado mais a cargo do dólar do que da expansão monetária, nesse primeiro momento.

Difícil saber se a maior expansão da base do dólar americano vai trazer uma apreciação do Real, ou se a inflação provocada pela expansão da base do dólar irá impactar o Brasil (como já tem impactado).

Crise 2020 vs Crise 2008

A grande diferença entre o que aconteceu durante a crise financeira e o que está acontecendo agora é que o dinheiro criado pelo Fed (e banco centrais) durante a última crise financeira encontrou seu caminho para as reservas no sistema bancário. Pouca coisa foi emprestada ao setor privado.

As ações do Fed e do Tesouro em resposta à crise da Covid-19 estão produzindo um resultado muito diferente do que aconteceu em 2008. Agora, o dinheiro criado pelos bancos centrais (e obviamente pelo FED) não vai apenas para o excesso de reservas do sistema bancário. A grana está indo diretamente para as contas bancárias de indivíduos e empresas.

E a inflação?

Segundo Siegel, o professor Milton Friedman dizia que a expansão agressiva da base de reserva monetária é uma força poderosa, mas que pode ser muito mais poderosa se atingir as contas correntes e poupanças do setor privado.

Logo, Siegel espera um 2021 inflacionário (embora não espere haver hiperinflação). Assim, ele acredita a inflação ficará acima da meta do Fed e que isso tende a continuar por muitos anos.

Segundo ele, isso não é bom para os detentores de títulos. A enorme demanda por títulos do Tesouro americano é impulsionada por suas características de hedge de curto prazo. Mas esse seguro vai ficar cada vez mais caro à medida que os preços mais altos ao consumidor corroem o poder de compra desses títulos.

Para o professor, é inevitável que as taxas de títulos (yield) aumentem. A guerra de trilhões de dólares contra a Covid-19 não foi paga por impostos mais altos ou vendas de títulos ao público, mas será paga pelo detentor dos títulos do Tesouro, por meio do aumento da inflação. Será ele quem pagará pelo estímulo fiscal e monetário.

Poder de consumo do dolar ao longo dos anos.
fonte: FRED

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *